sexta-feira, junho 29, 2007

Ever Near, Ever Far

No ano em que completa 30 anos, a Companhia Nacional de Bailado apresenta em estreia, no Teatro Camões, Ever Near Ever Far, coreografia de Heinz Spoerli, inspirada na Sinfonia Nº 5 de Mahler.
Com a Orquestra Sinfónica Portuguesa em cena a servir de fundo ao bailado, Ever Near Ever Far destaca-se pela surpreendente utilização do palco, das luzes e projecções, com os bailarinos a desaparecer pelo fosso de orquestra, surgindo de alçapões iluminados como se nascidos das entranhas da terra. A escolha musical foi irrepreensivel e a adaptação coreográfica da obra de Mahler muito bem conseguida. Continuo a ficar impressionado com a capacidade que a dança tem de transmitir sensações, emoções, conflitos e até pequenas histórias, com uma intensidade que tenho visto alheada do teatro.
Pena é que a Companhia Nacional de Bailado não tenha nos seus quadros um número grande de bailarinos de excelência. Quando estão em palco mais de 30 bailarinos ao mesmo tempo nota-se os desniveis entre eles, principalmente nos trechos de sincronia, em que meio segundo é suficiente para errar.
Convivendo com as suas imperfeições, é no entanto um espectáculo a acompanhar. Está em cena no Teatro Camões até Domingo.



Bilhetes e informações:
Teatro Camões: 21 892 34 77
Ticketline: 707 234 234
www.ticketline.sapo.pt
ou numa loja FNAC.

quinta-feira, junho 28, 2007

Só precisamos de amigos para sermos felizes?

E depois do adeus?

Voltas no ano que vem? - Não... - Porquê - Arranjei um sítio onde fazer teatro - Aqui também se faz teatro - Eu sei. - Fica! Tens que ficar, és das pessoas mais importantes do grupo...


No meio da jantarada, em clima de festa, com muito alcóol à mistura, a sensação começou a instalar-se, é um adeus. Ontem foi o último dia do Chapitô, jantar, saída, muitas fotos, muita sangria, muitos abraços, discurso, brinde, música e depois...

Já vais? Não podes, fica mais cinco minutos, só mais cinco prometo, vá lá, não podes ir agora...

Posso... tenho que ir, é tarde. Mas a saudade é grande, vou sentir falta daquele grupo. No dia do fim senti-me mais acarinhado do que podia imaginar. Dancei, cantei, gritei...

Abraços, abraços, abraços, beijos... - que cara é essa? Então, sorri... - vens-nos visitar para o ano? - Sim - Vens ver a nossa peça - Sim - Promete - Prometo.

Telefonas? Não te esqueças, tens o meu número, olha que prometeste...

Prometi, prometemos... De 30 sobram quantos depois do adeus? Dez? três? Um?

Sobram todos... ali... assim com um sorriso na cara e uma lágrima ao canto do olho.

quarta-feira, junho 27, 2007

Godot nos Infernos


Dia 16 de Julho começam os ensaios da nova peça d'Os Hipócritas o grupo de teatro onde vou começar uma nova etapa da minha aprendizagem de palco. Com base na peça À Espera de Godot de Beckett e À Huis-Clos de Sartre vamos apresentar Godot nos Infernos:


"Ok. Nem Deus nem o Diabo atendem. Então, quem me vem buscar?
Inês, Estelle e Garcin estão no inferno. Mas não há fogo eterno nem demónios nem tridentes. Não há, sequer, outros condenados. O espaço não é vermelho nem quente, mas vazio. Há três canapés e uma estátua do Super-Homem. Nenhum espelho. A única coincidência com o imaginário colectivo é talvez o Criado, que poderia ser Caronte. Vladimir e Estragon estão no mundo, parece. Mas não há casas nem árvores nem carros nem portas nem janelas nem outras pessoas. Apenas uma árvore de natal. Artificial. Depois, vêm Pozzo e Lucky, mas sabem tanto ou tão pouco do mundo como Didi ou Gogo. Por duas vezes, aparece e desaparece um menino, um menino que, poderia jurar, é igualzinho ao Criado. Nada mais. Existir é isto, dum lado e doutro da vida. A menos que alguém venha."

terça-feira, junho 26, 2007

E largar tudo?

Após uma semana em que não consegui ir ao Chapitô regressei ontem. Foi o dia em que vimos dois videos. O primeiro foi a gravação de uma simulação de casting que tinhamos feito no início deste ano. O segundo foi o video que o chapitô fez da peça.

Foi a primeira vez que me vi a representar. Antes de mais, uma palavra para resumir o meu trabalho em ambos os casos: canastrão. Até à ponta dos pés.

Para começar, o casting. É verdade que a gravação é péssima, e que a minha cara é apenas um borrão, mas fui um cepo, um autêntico tronco de árvore... morto. Rígido até mais não, inexpressivo, li o texto com uma emoção que soou a falso com um trabalho sobre a voz muito pobrezinho.

Já a peça. Bem, o camaramen não gostou de mim. De cada vez que eu aparecia ele desviava-se para outro lado qualquer. Falhou quase todas as minhas entradas e até conseguiu, na cena das cerejas, mal me filmar. O que consegui ver de mim foi embaraçoso. Mau, mau, mau, mau, incoerente, inconsistente, sem emotividade, nem fibra, nem nervo, nem nada. Um tipo a fazer macacadas. Do pior possivel. Ainda por cima, mas aí admito poder ser um problema meu, não consegui ali ver mais do que... eu mesmo. É horrivel. Era suposto ser um personagem, mas não... apenas o MPR a mexer-se em palco.

Deu para dúvidar se tenho algum, por muito pouco que seja, jeitinho para a coisa. Deu vontade de desistir. Não fosse o facto de ter gostado tanto destes dois anos de formação, de me ter deslumbrado com o que sinto em cena, e teria deitado a toalha ao chão.
Em julho começo ensaios com Os Hipócritas... muito muito trabalho tenho pela frente...

Um pequeno anotamento. Quer no casting, quer na peça, digam lá o que disserem, houve uma pessoa que se destacou. Alguém que eu posso, sim, chamar actor e dizer: porra... quem me dera... Esse tipo é o Tiago. Rapaz, descobri que para além de actor és escritor, que performance. Em palco vi-te pela primeira vez à distância e como diz uma amiga "less is more". Parabéns... tens presença, emoção, sem dúvida, tens futuro na arte.

Música da Semana

Ok não se nota mas é Verão. A música desta semana é apenas um reflexo disso, por debaixo das nuvens, do vento fresco, do tempo quanto muito primaveril, esconde-se o espírito de veraneio. Esta semana, em honra desse espírito: All I Wanna Do - Sheryl Crow

segunda-feira, junho 25, 2007

A Gaivota

Quando entrei na Cornucópia sexta feira passada para ver A Gaivota de Tchekov, ia com expectativas altas. O texto é considerado uma das quatros maiores peças do famoso escritor russo e a abordagem da Cornucópia foi amplamente elogiada.
Segue a história de um conjunto de pessoas na Rússia no final do século XIX, cada uma descontente, em busca, procurando algo que não tem, desiludida consigo próprio e perseguindo um amor que lhes foge. Medviedenko que ama Masha, que ama Konstantin, que ama Nina, que ama Trigorin que é possuído por Arkadina. Por sua vez Pauline, mulher de Shamrayef, ama Dorn que não ama ninguém.
Três horas e meia de peça não é fácil, principalmente a uma sexta à noite, mas não é por aí que a porca torce o rabo. Na Cornucópia peças maiores foram feitas sem que adviesse mal ao mundo. A encenação era muito boa e a cenografia impecável. O problema é que dos dez personagens principais existiam quatro que sobressaiam, o que deixava sobre os ombros desses actores carregar a peça inteira. Rita Loureiro funciona muito bem como Arkadina, uma actriz de meia idade mas que mantém o ar de uma mulher de 30, com laivos de vedetismo e forretice extrema. O problema vem dos outros três. Ricardo Aibéo, para começar pelo menos mau dos três, é igual a si mesmo. Monocórdico, incapaz da mais pequena emoção (se bem que o personagem não foge muito disto) é um dos responsáveis pela pasmaceira do segundo acto. Rita Durão não sabe fazer senão de Rita Durão. Há uma década que faz de menina, com aquele ar de menina, a cara de menina, a a voz de menina, os gestos de menina e sempre que tenta não ser muito menina lá lhe foge o corpo para a menina. É tão querida, tão ingénua, tão ai jesus, que fica presa a um único registo a peça (e a carreira) inteira. Agora a precisar de algumas aulas de teatro está Duarte Guimarães. Incapaz de carregar com a dimensão do papel que lhe foi atribuido, refugia-se em gritos e esgares, em excessos e cabotinices para aguentar as penosas três horas e trinta minutos.
Contra isto de nada serve o talento de Luis Miguel Cintra, o charme de Lima Barreto ou a graça de Márcia Breia.
A Gaivota é um espectáculo que, graças principalmente a erros de casting, se arrasta e demora. O que é pena, porque tinha todas as condições para ser uma grande peça.

sexta-feira, junho 22, 2007

Shrek The Third

Quando apareceu em 2001, Shrek revolucionou o mundo da animação. Irreverente, louco, inesperado, virou do avesso os contos clássicos com que todos crescemos. Em 2004, Shrek2 tinha perdido a surpresa, mas manteve o espírito audaz e cresceu, ganhou em números e novas personagens que conquistaram um lugar no panteão deste universo hilariante.

Ontem estreou em Portugal a terceira incursão da saga.

Quando o Rei morre, Shrek é o herdeiro do trono, cargo que não deseja. Parte então com os seus amigos do costume em busca de Artur para o substituir. No entanto, o Principe Encantado tem outras ideias.

Shrek o Terceiro é um filme que vive dos dois que o precederam. A reunião com os estranhos seres que nos encantaram é sempre bem-vinda, mas não tem mais do que isso. Um ou dois momentos de humor que merecem a pena, mas na maior parte do tempo é oco, sem chama, sem ideias, sem a irreverência mordaz que é sua imagem de marca. A animação é muito boa, mas hoje em dia esse factor já não impressiona.

Para os fãs... mas uma pequena desilusão...

quinta-feira, junho 21, 2007

Sobre as sete planas feliz, suspensa sob os telhados da capital com um sorriso que te rasga o rosto. Esculpes o ar com o corpo, tensa mas ágil, graciosa na multidão. Os olhos do mundo sobre ti, sem te ver, enquanto a relva se aproxima, o toque no chão que termina a aventura - mais, quero mais. Hoje não, missão cumprida bailarina-trapezista, sorri de volta para casa...

Ai começa hoje o Verão? Pois... sim.. nota-se...

quarta-feira, junho 20, 2007

Pelo canto do olho

Ontem na Sic Noticias juntaram-se pela primeira vez os sete candidatos à Câmara Municipal de Lisboa com possibilidade de eleger um vereador. Caso inédito esta corrida, quando há bem pouco tempo as forças políticas de monta na capital se cifravam em apenas 3.
Tinha companhia para jantar, e não pude acompanhar com toda a atenção o debate, que me pareceu civilizado, se bem que um pouco morno.
Deu para perceber que António Costa é coerente como é seu apanágio, que Negrão pouco tem a perder e tende a esquecer-se que o partido que governou a CML nos últimos seis anos é o seu, que Ruben de Carvalho é inteligente e sem papas na língua, atacando sempre que possivel o seu adversário do PS, que Helena Roseta traz uma abordagem diferente, mais pessoal, humanista se bem que dificilmente exequível, que Carmona Rodrigues está num limbo em que não consegue defender os evidentes erros das administrações de que fez parte (sim ele esteve lá com o Santana lembram-se?) e o buraco financeiro da autarquia, que Telmo Correia esforça-se mas teme nem sequer ser eleito para vereador e que José Sá Fernandes é mais cordeiro do que o lobo que aparenta.
Propostas concretas comme d'habitude foram escassas, mas percebeu-se uma diferença básica de rumo entre a esquerda e a direita partidária. Enquanto que Negrão e Correia defendem a venda de património para sanear as contas de Lisboa, Carvalho e Costa defendem uma contenção da despesa para reequilibrar o orçamento.
Começou mais a sério a campanha, esperam-se os próximos capítulos.

terça-feira, junho 19, 2007

Fantastic Four: Rise of the Silver Surfer

Pois... No dia em que vi O Astronauta de que falei ontem vi também este Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, a tal sessão dupla que não fazia já há algum tempo.
O mundo está à beira da extinção. O Surfista Prateado, "batedor" de um ser que devora mundos, vem aí e a Terra não tem mais de uma semana de vida. Quem o pode parar? Pois o Quarteto Fantástico quem mais?
Confesso, últimamente tenho-me deixado seduzir pelo fogo de artifício, a fanfarra que precede os blockbusters americanos, e tenho-os engolido a quase todos. Como ao fim ao cabo até me tenho divertido as coisas têm continuado neste ritmo. Até agora.
Vazio, absolutamente vazio esta nova instalação das aventuras do Quarteto, personagens medíocres, história inexistente e um argumento que nem uma criança de 3 anos com atraso mental era capaz de engolir, o filme - uso esta palavra com reservas - não é mais que um amontoado de cenas de efeitos especiais uma em cima da outra, sem muito que as una, ou que faça grande diferença. Sim, o Surfista Prateado tem estilo, mas para isso basta ver o trailer. Digamos que para quem vai ver dois filmes de seguida, a escolha não podia ter sido mais errada.

Música da Semana

Em 2004 o irreverente Wes Anderson realizou a brilhante comédia aquática The Life Aquatic with Steve Zissou. Dos momentos mais hilariantes da fita é a aparição de Seu Jorge, que faz pausas musicais in loco, tocando versões de músicas clássicas de David Bowie. Uma das músicas que está presente é este Life On Mars, que esta semana completa a sessão dupla, a seguir a ter estado sete dias o original a tocar.

segunda-feira, junho 18, 2007

The Astronaut Farmer

Ao ver-me com tempo para queimar resolvi fazer uma sessão dupla de cinema, algo que não fazia há muito tempo. O filme que escolhi ver em primeiro lugar, para mal dos meus pecados, foi este O Astronauta com Billy Bob Thornton e Virginia Madsen.
Um ex-astronauta sonha viajar no espaço e resolve construir um foguetão na sua quinta para o conseguir.
O que há para dizer sobre esta catástofre cinematográfica. Para começar, por incrivel que pareça, não é uma comédia. É um drama do mais básico, mais piroso, mais ai-gosto-tanto-de-ti-segue-os-teus-sonhos-por-mais-imbecis-que-sejam! É tudo tão previsivel, tão caso da vida, tão reles que até doi. A história é do mais idiota que pode haver. Um homem de 40 anos, sem ajuda e com meia dúzia de tostões (qualquer coisa como 500 mil euros, não dá sequer para um T3 com garagem no Chiado) consegue mesmo construir um foguetão só com sucata. Consegue o combustível necessário, ir ao espaço e voltar. Quem tem o homem para equipa de terra? O filho de 15 anos! Pronto já está. A NASA gasta anos de trabalho, tem centenas de pessoas, milhões de dólares de orçamento, engenheiros, físicos, cientistas, matemáticos, os astronautas com um treino intensivo, tudo isso, só para chatear. Qualquer Zé Manel das Couves consegue construir um foguetão no quintal em meia dúzia de meses.
O que dizer? É tão atrasado mental que nem merece atenção. Eu adormeci a meio e só não me fui embora por causa da minha teimosia em querer sempre saber como acabam os filmes.

Ele há coisas na vida...

Sim senhor... sabe aquele carro que há mais de quatro anos deu em troca para comprar aquele boguinhas pequenino e sem cilindrada nenhuma mas que anda e até não é mau de todo para a cidade que gasta relativamente pouco estaciona-se bem e está parado a semana toda por causa do metro?
Sim...
Pois esse carro diz que ainda está em seu nome e portanto ou paga os impostos em atraso ou cai-lhe uma execução fiscal em cima do lombo!
Ah... mas que bem...

sexta-feira, junho 15, 2007

Pirates of the Caribbean: At World's End

A terceira parte da história que começou em 2003 com Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl, chegou agora às salas de cinema. Com Gore Verbinski ao leme e sob a batuta do produtor Jerry Bruckheimer, marca o regresso de Johnny Depp, Orlando Bloom, Keira Knightley e sus muchachos, numa das séries mais rentáveis de sempre, que se transformou numa gigantesca cash-cow para a Disney.
Desta vez os piratas juntam-se todos contra a poderosa Companhia das Indias e o temivel navio do "polvo" Davy Jones, com feitiços, traições e deusas à mistura. Para tal é preciso resgatar o famoso Jack Sparrow das garras da morte.
A primeira coisa que salta à vista são os incriveis valores de produção, o cheque de 300 milhões de dólares foi bem gasto, numa fita de três horas carregada de efeitos especiais que, coisa rara, ainda conseguem espantar. A parafernália de cenários, fatos e efeitos visuais são realmente impressionantes.
A pandilha está de volta, e quem tenha visto os outros dois filmes vai-se sentir em casa. No entanto a história nem sempre faz grande sentido, reinando uma sensação de tanto-faz que pode por vezes tornar-se um pouco irritante. Mortos, vivos, mortos-vivos, deuses e feitiços misturam-se numa salgalhada sem grande ponta por onde se lhe pegue.
A grande vantagem é que, ao fim ao cabo, ainda diverte. Tem momentos de humor bem conseguidos, as cenas de acção são entusiasmantes e realmente acabamos por querer saber o que acontece áquela gente.
Melhor que o segundo título terrivelmente desapontante, Piratas das Caraíbas - No Fim do Mundo não chega no entanto aos calcanhares do primeiro filme. Os fãs da série não darão seja como for o tempo por mal empregue.

Último fôlego

Segunda feira voltámos às aulas no Chapitô. A primeira após a peça. Teve um sabor estranho. Estava apenas metade da turma, o que dá um certo tom de afastamento. Sei que no último dia vamos lá estar todos, mas mesmo assim é estranho passar de uma algazarra de quase 30 pessoas para cerca de uma dúzia. Depois foi a primeira vez em meses que não se tocou na peça, nem uma marcação, nem uma linha, nem um ensaio, quase como se não tivesse existido. Por outro lado foi bastante calma, relaxante, um retorno aos primeiros dias.
Em junho o curso tem o seu último fôlego. Já começo a ter saudades...

quinta-feira, junho 14, 2007

Ocean's 13

Ora bem, George Clooney, Brad Pitt & Ca. voltam ao ataque sob a batuta do maestro Steven Soderbergh, desta vez sem a companhia de Julia Roberts ou Catherine Zeta-Jones, mas com um novo inimigo Al Pacino, assistido por Ellen Barkin, que compõem o já habitual ramalhete de estrelas.
É a quarta trilogia que aparece este ano nos EUA, atrás dos mega-blockbusters Homem-Aranha, Piratas das Caraíbas e Shrek, dando o ar que Hollywood está sem ideias novas, apostando em reembalar velhar fórmulas.
Depois da desilusão de Ocean's Twelve, fiquei com dúvidas se seria boa ideia lançar uma nova instalação desta série. Traz alguma coisa de novo? Não. Neste caso ainda bem.
Após Willie Bank (Al Pacino) ter enganado Reuben Tishkoff (Elliott Gould) um dos elementos séniors do gang de Ocean, e quase o enviado para a tumba com o desgosto, o grupo volta a juntar-se para o vingar. E que melhor maneira de o fazer do que roubar o novo hotel-casino de Pacino, destruindo-lhe o negócio, reputação e com um pequeno toque de luxo?
Ocean's Thirteen retoma o espírito e o estilo do primeiro filme. Rápido, inteligente, divertido, com um ar cool a toda a linha, é um deleite para os ouvidos e para os olhos. Com valores de produção impecáveis (vide todo o cenário do hotel) e um grupo de actores que parece fazer aquilo com um pé às costas mas a adorar cada passo do caminho, Ocean's Thirteen é uma escolha sólida para divertimento este verão.

Para quem viu os dois anteriores não traz novidade, mas traz o sabor reconfortante de quem revisita velhos amigos e passa a noite em excelente companhia.

quarta-feira, junho 13, 2007

Santo António já se acabou...

Mais uns santinhos populares, mais uma sardinha inflaccionada, passeio pela rua, bailarico e muita sangria. Milhares e milhares de pessoas em festa e a nu de novo as incriveis deficiências dos transportes em Lisboa. Ir para os santos a pé é muito bom, mas só para os poucos de nós que vivem dentro das comemorações.
Infelizmente fazer parte do cenário do Sto. António tem desvantagens, devia haver uma lei a indemnizar os desgraçados que ficam com o cheiro a sardinha entranhado dentro de casa. Por mais que se esfregue, por mais incenso que se queime, a dita teima em não sair... Para o ano há mais.

terça-feira, junho 12, 2007

Depois do Chapitô...

Os Hipócritas são uma associação recreativa e cultural de malta nova que tem desenvolvido a sua actividade principalmente na vertente do teatro amador. Cometeram o incrivel erro de me aceitar como actor, e parece que a partir de Julho é ali que vou dar mais um passo neste trilho. O caminho do palco continua...

Música da Semana

Esta semana a música vem de um dos grandes icones da musica mundial, David Bowie, que ao longo de mais de 40 anos se tem constantemente reiventando. Não o conheço bem, mas tenho tido uma crescente curiosidade. Esta é a primeira música de uma sessão dupla que termina na semana que vem.
Do seu quarto album, Hunky Dory aqui fica Life on Mars.

segunda-feira, junho 11, 2007

Virei eu a ser... hipócrita?

... hoje à noite talvez descubra...

10 Items or Less

Brad Silberling não é um realizador memorável (Lemony Snocket's Series Of Unfortunate Events; City of Angels) nem conhecido por pequenos projectos pessoais e independentes. É portanto inesperado este Máximo Dez Unidades, escrito e realizado por Silberling, mas transformado num projecto pessoal pelo seu actor principal e produtor executivo Morgan Freeman.
Um actor que não trabalha há quatro anos pondera fazer um pequeno filme independente. Como pesquisa para o seu papel vai para um supermercado nos arrabaldes hispânicos, pobres, de Los Angeles. É aí que encontra uma empregada que opera na caixa de 10 unidades máximo. Atraente, enérgica, inteligente, é ela que toma conta do mercado, perante a perguiça do sua colega que dorme com o gerente. Ela acha que a sua vida não passará daquilo, ele procura nova inspiração e força. Ela mostra-lhe o seu mundo, ele encoraja-a a atingir novas metas, num dia único.
O filme é bastante inteligente. Tocante e carregado de sentido de humor, Morgan Freeman e Paz Vega carregam o filme às costas, mas com uma leveza, uma simplicidade, um à-vontade que faz com que representar pareça fácil.
Não é uma obra-de-arte, não é um filme memorável, mas é uma fita que condensa muito do que de bom se faz em cinema. Um feel-good movie, mas com coração e com cabeça.

(em baixo em vez de um trailer estão 10 razões para fazer o download do filme, ehehe)

sexta-feira, junho 08, 2007

A ressaca...


As luzes apagaram-se, o público saíu e hoje ninguém me espera do lado de lá da cortina. Já foi? Já aconteceu? Já... foi e passou. O que me fica gravado na memória desta semana é aquele espaço. O medo da estreia, o escuro antes de entrada, o cheiro das pessoas, os sons, os abraços fortes e sentidos, os beijos e brincadeiras, o risco nos olhos, o batom vermelho, a base, os aplausos, aquela primeira entrada em cena, o esforço do trecho da Callas e as cerejas. As críticas foram duras mas justas, o apoio foi imenso, o carinho autêntico. Foi um marco, existe um antes e um depois do palco. Agora sobra a ressaca... Acordei para um sorriso um pouco mais triste, uma pequena nostalgia. Todos ganharam um espaço gravado em mim, cada um dos alunos/actores que me acompanharam nesta pequena epopeia imperfeita, o Bruno claro, que nos guiou durante este ano e construiu o espectáculo de raiz, todos são a fonte de um momento inesquecível.


O bicho de palco mordeu-me... agora resta descobrir o que me reserva o amanhã.

quinta-feira, junho 07, 2007

Eu tenho um pozinho secreto para pôr na cara com dedicatória que me dá poderes mágicos...

Bigados miga...

quarta-feira, junho 06, 2007

Vida depois da estreia


Uma gota de suor caiu ruidosamente no palco. Percebi a minha própria respiração pesada. À minha volta uma sala lotada - quantos são? 100, 120, 140? - pela primeira vez vejo que está ali gente, a meio passo de mim. Um segundo apenas. Volto para a peça - já falta pouco - tudo passa vertiginosamente. Por detrás da cortina sente-se o nervo. Cada pessoa que regressa exibe em si a felicidade e o orgulho de ter estado, peito aberto, debaixo das luzes. Sorrisos nervosos? Agora já não, agora não há mais nervo, apenas tensão, apenas atenção - é a tua deixa, a tempo, pela primeira vez a tempo - corpo, gesto, palavra. Fade. A luz apaga-se. Meio segundo de silêncio. Depois como uma onda, um enorme surto de aplauso atravessa o público. De pé, aplauso, grito, assobio. Acabou. - Já? Sim, já - Agradecimentos, volta de honra. Todo o meu corpo está alerta, suado, escorria. - Já acabou?

Passo fora, saio de cena. Um grito de alegria irrompe das gargantas. Beijos, abraços, felizes. Já foi? Já aconteceu? Já. Foi só uma apresentação? Foi um baptismo. Foi perfeito? Não. Sim. Não. Longe disso. Muito mais que isso. - mais? - Foi uma nova pele.

Hoje e amanhã, às 22h no Chapitô. Ainda há vida depois da estreia.

terça-feira, junho 05, 2007

O Santo Sacrifício do Teatro


Para quem quiser ir hoje à noite ou nos próximos dois dias, aqui ficam os dez mandamentos que o saudoso Mário Viegas nos deixou. Um beijinhos de agradecimento para a Mary Lamb que mos relembrou recentemente.


10 Mandamentos para 1 espectador de Teatro

1 - NÃO CHEGARÁS ATRASADO, incomodando a concentração daqueles que estão a representar e dos outros (que chegaram religiosamente a horas) que estão a assistir ao Santo Sacrifício do Teatro.

2 – NÃO FALARÁS BAIXINHO com o ou a acompanhante, incomodando com a tua inclinação de cabeça o Espectador de trás, e distraindo os actores celebrantes do Santo Sacrifício do Teatro.

3 – NÃO ADORMECERÁS NEM RESSONARÁS, dando marradas para a frente ou para trás, ou pondo a mão nos olhos para os outros pensarem que estás muito concentrado no Santo Sacrifício do Teatro.

4 – NÃO TOSSIRÁS NEM TE ASSOARÁS com grande ruído, escolhendo as melhores pausas dos celebrantes do Santo Sacrifício do Teatro.

5 – NÃO TE ABANARÁS constantemente com o programa, distraindo os que estão, religiosamente ao teu lado, e irritando os que estão no palco a celebrar o Santo Sacrifício do Teatro.

6 – NÃO COMERÁS rebuçados, pipocas, caramelos, chocolates, pastilhas, comprimidos, tirando-os muito devagarinho, fazendo com o papel e as pratinhas o mais diabólico, satânico e herético ruído numa sala de espectáculos em que se celebra o Santo Sacrifício do Teatro.

7 – NÃO LEVARÁS relógios com pipis electrónicos, telemóveis e sacos de plástico que andarás constantemente a pôr, ora entre as pernas, ora ao colo, perturbando os que celebram o Santo Sacrifício do Teatro.

8 – NÃO LERÁS OU FOLHEARÁS o programa durante a celebração do Santo Sacrifício do Teatro pata tentar saber qual é o nome de determinado actor, ou para tentar perceber a sequência do Santo Sacrifício do Teatro.

9 – NÃO PEDIRÁS borlas ou insistirás em descontos a que não tens direito para assistir à celebração do Santo Sacrifício do Teatro.

10 – NÃO OLHARÁS "com umas grandes ventas" para o vizinho do lado, que achou religiosamente Graça ao que tu não achaste, ou que, piamente cheio de Fé, se levantou logo para aplaudir enquanto tu bates palmas por frete e já a pensar ir a correr para tirar a porcaria do teu carrinho, ou a porcaria do teu sobretudo do bengaleiro, mais cedo do que os outros.

ASSIM SUBIRÁS PURO AOS CÉUS OU ASSIM PODERÁS IR A 13 DE MAIO À COVA DA IRIA OU ASSIM PODERÁS IR E COMUNGAR NO CASAMENTO REAL de Sua Magestade Sereníssima Dom Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança, Chefe da Sereníssima Casa de Bragança, Duque de Bragança, de Guimarães e de Barcelos, Marquês de Vila Viçosa, Conde de Arraiolos, de Ourém, de Barcelos, de Faria, de Neiva e de Guimarães, e de Sua Augusta Noiva Isabel Inês de Castro Corvello de Herédia.

IDE E ESPALHAI A BOA NOVA !!

Abraão Viegas

Música da estreia


É apenas uma apresentação de fim de curso. São apenas 45 minutos, entrada à borla, entre familia e amigos de uns e outros, entre pares e abraços. É apenas um pequeno ponto sem grande consequência, mas carregado de sabor. É hoje, às 22h. Na pequena tenda do Chapitô vou provar pela primeira vez o "pó do palco". Hoje não e a estreia da "Fúria" do Bruno Schiappa, hoje é a minha estreia. Pequena, falhada, imperfeita. Mas estou lá, sem escudo, nem armadura, nem pano, nem distância que me separe do público.
Nervoso? Sempre, uma pilha. Acordei com dores, tonto, indisposto. Tremo, ainda agora, apesar de faltarem quase 12 horas.
Hoje, esta semana, não podia ter outra música que não fosse um dos pontos finais da peça. The Doors, que acompanha a representação de uma ponta a outra, The Crystal Ship.
É apenas uma apresentação de fim de ano... não paro de repetir em surdina...
Hoje, amanhã e depois lá estarei, à hora certa, a dar o melhor e o pior de mim.

segunda-feira, junho 04, 2007

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nervoso?

Spider-Man 3

Lá teve que ser. Na verdade a curiosidade não me deixa resistir à grande maioria dos filmes high-profile, e no caso do trio de trilogias Homem-Aranha 3, Piratas das Caraíbas 3 e Shrek 3 o mais provável é que acabe por vê-los a todos. Esta última instalação de um dos franchises mais rentáveis da história do cinema (este título fez até à altura 844 milhões de dólares mundialmente tendo a trilogia rendido só no cinema mais de 2500 milhões de dólares) vinha com o selo de fracasso, a crítica em geral e as poucas pessoas que conheço que foram ver não me deixaram com uma impressão demasiado elogiosa. As minhas expectativas eram por isso baixas.

Desta vez o heroi aracnídeo começa o filme com a vida a correr bem. A relação com a namorada está no auge, é amado pelo povo, o emprego é regular e a faculdade vai de vento em popa. As coisas, óbviamente não se vão manter assim por muito tempo. Como é o terceiro filme da série porque não lutar contra 3 vilões ao mesmo tempo? O duende verde regressa, aparece o homem de areia e ainda uma estranha criatura que se transforma no fato negro do homem aranha, e que faz realçar o seu "lado negro".
A principal crítica que ouvi ao filme é que tenta demasido ser demasiadas coisas. Ele é os problemas com a namorada, as questões com o amigo Harry Osbourne, o emprego, a concorrência do novo fotógrafo, o fato, o lado negro, o duende e o "areias", a miuda nova e ainda a renda para pagar. É verdade, o filme tem demasiados aspectos e falha em desenvolver muitos deles. No entanto, a linha principal é uma linha moral e emocional. O filme fala de escolhas, da dualidade em cada um de nós (que se estende aos diversos vilões) e das relações pessoais, ou seja o foco é o trio Parker-Osbourne-Watson (heroi-amigo-namorada). Acaba por ser interessante nesse aspecto e relativamente bem conseguido.
O destaque vai para os efeitos-especiais. O Sandman principalmente é absolutamente incrivel (Thomas Haden Church em forma) especialmente na primeira cena em que ele começa a dominar o seu poder.

No fim de contas é um capítulo válido para a série. Quanto a mim, no meio do drama, da comédia e da acção, acabou por ser o filme que mais me divertiu dos três (achei o Homem-Aranha 2 uma estopada).
Sem grandes pretensões e um ou outro buraco no argumento é um filme-pipoca propício a esta silly-season que agora começa.

sexta-feira, junho 01, 2007

Diz que é uma espécie de ensaio

Por causa da sua turma do Cartaxo, o Bruno não pode estar no nosso ensaio de quarta feira. Ficámos entregues a nós mesmos. Ao saber isto metade do elenco não apareceu, o que é fantástico a 6 dias da estreia. A outra metade deixou-se levar pela galhofa completa, com uma total falta de seriedade e concentração. Alunos entravam no lugar daqueles que tinham faltado com risos e piadas à mistura, em vez de deixar ensaiar apenas quem lá esteve dando as falas dos outros quando necessário. Foi geral e é das coisas que mais me irrita. O pior foi ter deixado que o ambiente me afectasse. Não me concentrei, não fiz mais do que passar pelos quadros mecânicamente, repetindo gestos e deixas como se fosse um autómato. Ainda mais grave, numa dada altura, no final da cena das cerejas, deixei-me envolver e atirei duas ou três piadas em voz baixa, tendo posto em cheque a concentração da pessoa que entrou naquele momento. Fiz aquilo que detesto que aconteça e que detesto que me façam. No final pouco se aproveitou. Ficou a sensação que apenas vamos conseguir apresentar alguma coisa terça-feira porque o Bruno, embora por vezes injustamente, grita e intimida as pessoas durante os ensaios quando elas falham, quando se desconcentram.
Parece que precisamos mesmo de andar debaixo de chicote.