terça-feira, janeiro 02, 2007

Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan

Conheço o personagem Borat ( criação do actor inglês Sacha Baron Cohen) através de diversos sketches que circulam a net há já algum tempo. Borat, um reporter do Cazaquistão, anda por Inglaterra a tentar aprender os costumes do povo local. Este conceito foi passado a cinema.

O filme cujo título vou abreviar apenas para Borat, trata da viagem desse reporter para os EUA para aprender a sua cultura e regressar ao país de origem com um documentário feito sobre a América. A fita, tal como os sketches, tem como base uma lógica de Apanhados, onde o quase bárbaro mas bem intencionado Borat faz as coisas mais inimagináveis por causa das "diferenças culturais" que existem com as pessoas com quem se cruza, e que supostamente não sabem que ele é um actor inglês. É um sucesso de bilheteira colossal e foi inclusivé nomeado para dois Golden Globes, Melhor Filme e Melhor Actor na categoria Musical/Comédia.

A ideia que me tinha sido vendida era a de um homem que através da sua ingenuidade põe a nu as contradições do povo americano. No entanto os únicos que são gozados e humilhados são os Cazaquistaneses, que são apresantados como um povo imbecil, retrógrado, porco, sujo, pobre, sub-desenvolvido, que vive em barracas e de moralidade duvidosa, com cenas de incesto à mistura.

Vamos por partes, o Cazaquistão é uma ex-républica soviética, o sexto maior país do mundo em termos de área, com a população com 99,5% de literacia de adultos, taxas de crescimento do PIB acima dos 9% anuais, uma dívida pública e um défice do Estado inferiores ao nosso por exemplo, sendo o sector energético o seu sector económico dominante. A imagem de um país de ciganos imbecis está o mais longe possivel da realidade, e se para nós portugueses isso pode dizer pouco, não achariamos o mesmo se fosse Portugal assim representado. Só revela um nível de ignorância extrema por parte de quem faz a caricatura e uma total falta de respeito pelas pessoas.

Em segundo lugar, um inglês a gozar com os ingleses tem graça, a gozar com um povo que desconhece por completo é, no mínimo, de mau tom.

Mas ainda vá, as coisas podiam mesmo assim ter piada, apesar de ser filmado na Roménia e com música de um Jugoslavo. Borat no entanto, revelou-se a experiência mais degradante que já tive numa sala de cinema. Um homem com um saco de fezes à mesa de jantar não tem graça, é nojento, um gordo gigantesco a masturbar-se com fotos da Pamela Anderson não tem graça, é nojento.

Todo o filme faz lembrar o nivel de humor e inteligência de um Jackass, com gente que come a sua própria urina, mas com uma diferença, ao menos no Jackass eles tinham a decência de gozar consigo próprio.

É um filme errático e repugnante, mas olhando para a reacção do resto das pessoas devo ser eu que tenho um estômago demasiado sensivel.


3 comentários:

pinky disse...

óoooooo....e eu a pensar que seria um bom filme para libertar o riso.
no primeiro filme do actor acabei o filme com as lágrimas a cairem-me e com a barriga toda dorida de tanto rir.
mas estou a vêr que esta personagem não tem nem metade da graça da primeira (ali g, se é que o nome está bem escrito, o famoso condutor da limusine da madonna no clip music.
enfim, vou esperar que alguém se arrisque a tirar da net para dar uma espreitadela.

polegar disse...

eer... eu não achei assim tããão mau. verdade, algumas cenas (como as que referiste) eram escusadas. agora eu vi o filme de uma perspectiva completamente diferente, e isso é que é engraçado: eu não vi ali nenhum "casaquistanense". vi um boneco de onde não esperei receber quaisquer informações sobre a sua cultura (ou acreditar no que me transmitiam).
já do que gostei foi do americano "apanhado". gostei de ver algumas franjas do americano profundo: retrógrado, colonialista, reaccionário.
e adooorei de paixão a cena do Borat com a crew (gajos porreiros! toma para quem pensava que ele ia ser assaltado!) e os resultados disso no hotel eheheheh

enfim, a cada um a sua sentença ;))

MPR disse...

Puligare, não tem a ver com acreditar. Acho que não te incomodou porque ele não estava a caricaturizar um português, porque se um espanhol fizesse um boneco daqueles nosso a opinião seria outra. O Borat ali não chega a ser uma pessoa, é um animal que nem sabe ver-se livre das próprias fezes... Quanto ao americano profundo quase não apareceu, e quando o fez acabou por ser dignificado pela postura abjecta do Cohen, chamar "bitch" a uma feminista não expõe as suas debilidades apenas a insulta. Cantar "os lideres dos outros paises são todos uns maricas" não goza com o americano profundo, insulta-o, tal como me insultaria se ele o fizesse numa tourada no Campo Pequeno.
Mas como disse, pela bilheteira colossal que está a ter não sou muito apoiado neste ponto de vista.