Por motivos que me são alheios hoje vim para o escritório por cima de terra. Desta vez sentei-me à janela e olhei para Lisboa pela manhã, coisa que já não vazia há algum tempo. Não sei bem porquê mas estava estranhamente calmo, indiferente ao trânsito ou aos insultos esporádicos que se ouviam à greve do Metro, ao percurso dos autocarros alternativos, ou à celeridade dos motoristas. Entrei no Rossio, rapidamente me vi nos Restauradores. Após a visita não anunciada de uma chuva indesejada, o céu regressou ao seu azul habitual, banhando Lisboa com uma luz plácida em tons de caramelo. Liberdade acima, os enfeites de Natal descansavam de um árduo labor, espraiando-se junto às bandeiras amarelas do Dakar, que anunciavam uma festa já partida. Por entre o dourado das folhas caducas o verdejante das palmeiras contrastava, ao lado dos picos nus de árvores despidas. Chegado à Rotunda o Marquês olhava imponente a Avenida, com um leão a ladeá-lo. Uma gaivota pousou insolente na sua cabeça, indiferente à fera que estava a seu lado. (Linha amarela, Campo Grande, quem vai para o Sr. Roubado?) fechei os olhos... Hoje está um dia de praia, de Guincho, de Sintra, de errar pelos jardins da Regaleira, de sentir a areia nos pés, de cheirar o verde místico da serra. Hoje não é dia para estar aqui, olhos arregalados, em frente de um ecrã demasiado pequeno, a ver o dia esvair-se lá fora...
quinta-feira, janeiro 11, 2007
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3 comentários:
somos tantos...
há dias assim, divinos, e nós aprisionados á rotina.
ás vezes sabe bem quebrar as correntes da obrigação e deixarmo-nos ir ao sabor do dia....
É saber que não podemos aproveitar estes dias sempre que podemos que os torna tão apetecíveis e que quando realmente usufruídos transmitem um prazer maior!
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