quarta-feira, maio 31, 2006

Dependência

Uma coisa pequena, lesão no pé, muscular, nada partido, uma semana de canadianas e em principio fica tudo resolvido.
No entanto fico dependente para as mais pequenas coisas. Ainda agora um colega me trouxe um copo de água, que não consigo ir buscar sozinho. Fazer o jantar torna-se dificil, entrar e sair de casa é uma verdadeira epopeia, não consigo pôr a mesa, arrumar seja o que for, e tenho toda a gente a fazer coisas por mim. Irrita-me a dependência, irrita-me ter que contar com os outros para as coisas mais básicas. Hoje demorei 20 minutos para descer as escadas e fazer metade do caminho para o metro. Desisti e chamei um taxi para não chegar uma hora atrasado ao emprego.

Eu sei que é pouco tempo, é rápido, doi pouco e daqui a uma semana está resolvido. Mas nunca lidei bem com o não poder tratar completamente de mim mesmo.

Mas adiante, desabafo de rabujice, de quem na verdade, tem poucos motivos de queixa...

2 comentários:

Anónimo disse...

Vale o que vale, mas aqui vai uma estorieta:
Era uma vez uma criatura, de natureza prestável mas com mau feitio, segundo algumas opiniões. De si própria conhecia defeitos e virtudes e entre os primeiros encontrava-se aquele de ter a mania que era autosuficiente. Raras vezes pedia ajuda e, lá no seu íntimo, sabia que essa "independência" tinha laivos de orgulho, para não dizer soberba.
Helas! A criatura da estória em menos de dois anos foi brindada com uma entorse em cada pé, ambas com direito a razoáveis períodos de muletas.
Teimosa não abrandou o ritmo e decidiu continuar a percorrer o seu quotidiano sem alterações, como se as canadianas nada significassem.
Mas, não era fácil.
O desânimo e as contrariedades trazidas pela situação de inaceitável incapacidade fizeram-na reflectir. E momentos houve em que lhe deu para a introspecção.
Deu consigo a pensar que se o Universo manda mensagens, para ajudar os mortais a encontrarem o rumo e a melhorarem a sua essência, aquela era uma seguramente e só podia ter o propósito de a obrigar a aprender a necessitar dos outros, a pedir ajuda, a ganhar humildade.
Pois é, o final da estória ainda está por contar, mas a moral ou a lição que ela encerra, essa está disponível para quem a quiser aproveitar...

Anónimo disse...

E tens sorte em não ser centopeia...