quinta-feira, maio 25, 2006

Português de nascença, comunista de opção, Nobel de mérito e espanhol por casamento, foi ele o primeiro a fazer-me companhia no meu novo caminho diário, contava-me histórias de um mundo de uma cegueira branca como leite, precedida pela cegueira da alma que foi causa e consequência da primeira. Um mundo de esperança perdida, da bestialidade de um horror inumano e de quem teve que o enfrentar. Em seguida estive com um jovem checo de nascença, judeu de religião, alemão de língua, que morreu novo demais e deixou atrás de si uma obra inacabada que fala de culpa, dor, inadequação e de um mundo que se move por regras que ele não compreende. Esteve este homem angustiado a falar-me de seu pai, tirano, opressor e que o moldou na sua reclusa fragilidade. Estou agora com uma dinamarquesa, que por duas vezes esteve perto do Nobel e por duas vezes o perdeu para nomes maiores (Hemingway e Camus), que me mostra vidas e mundos de gelo, dos fiordes longiquos da Noruega, de paixões e naufrágios, de festins, palcos, velhos orgulhosos, e riquezas sumptuosas.



E amanhã, quem me fará companhia?


(Uma das coisas que descobri desde que mudei de casa é que é bom lêr no metro...)

3 comentários:

bolas de sabão disse...

:) não leio no metro, pk raramente ando de metro. mas aproveito a espera pelo almoço para ler. já nem sei para onde me virar. ando a ler uns seis livros e ontem ainda comprei a alice do lewis carrol pra juntar à confusão. lololol

Lcego disse...

Não sei bem porquê mas das coisas que tenho mais saudades das cidades em que vivi (Lisboa e Barcelona) é precisamente o Metro... O meu rural teatro está sediado numa aldeia isolada do centro de Portugal no concelho de Campo Benfeito, criamos teatro no mundo rural para contrariar a desertificação, e conseguimos, pelo menos aos fins de semana os turistas enchem de vida as ruas normalmente povoadas por apenas 60 habitantes que envolvemos e nos servem de inspiração para a criação artística. Teatro e e animação sócio-cultural... O Impacto do Teatro Montemuro, não é só no meio cultural português ao fazer teatro ligado ao movimento terra e artes circences mas sobretudo porque consegue ter um impacto muito positivo no contexto regional e local. Acabamos por ser uma das poucas instituições que conseguem contrariar o êxodo, invertendo até a tendência trazendo criadores actores e outros serviços para a aldeia, em épocas de produção a aldeia fica com cerca de mais 30 habitantes, no Festival altitudes sobe para 1500 a 2000... Para já começamos a itenerância pelo país e vamos estar em 23 aldeias portuguesas e depois CCB, culturgest e outras grandes salas...a nossa lógica é invertida mas funciona!
Então e essa paixão pelo teatro vai dar frutos?

MPR disse...

Porquê, é um convite? :P