quarta-feira, maio 03, 2006

Texto em cena

Cinco menos dois, foi esta a conta da última aula do workshop de teatro. Sobrámos apenas três alunos dos cinco sobreviventes... Foi, apesar disso, uma aula intensa, muito intensa, aliás não me lembro de suar tanto sem estar a carregar pesos.
Começámos com uma pequena palestra acerca de rigor e responsabilidade, a postura a partir de aqui vai ser de uma maior exigência para conosco e para com as tarefas que temos que realizar, sejam na aula sejam em casa. O ritmo, promete-se, vai ser acelerado, e quem não puder acompanhar o passo vai ser ajudado, mas em caso algum vai por em causa o andamento dos outros. Recado recebido.
Momento seguinte partituras dinâmicas, em vez de gestos simples, agora são partituras com base no movimento criado pelo Thiago, um pouco como se de dança se tratasse - afinal é esse cunho físico impressivo que ele quer dar a este espectáculo. Evolução, desvio, uso de partituras anteriores, encadeamento de acções e emoções... Subitamente dou-me conta... o meu personagem já começa a ter um gesto, um modo, um movimento próprio, começa lentamente a existir, não no verbo, mas no corpo...
Desenvolvimento constante, temos agora um momento de interacção, de luta, de improviso... Com a orientação do Thiago, os três elementos que lá estavam movem-se, quase dançam, atacam-se, defendem-se, lutam e vingam... Num constante por e tirar de camisolas forma-se uma cena, e agora texto... Dos nossos textos, escritos na parede, temos que formar uma cena... Tudo se complica, o texto atrapalha, condiciona, limita, restringe... como diz uma colega minha "sei dizer o texto, mas não o sei representar" - correcção imediata - "não tens que representar o texto, tens que fazer as partituras, puxar a emotividade, respirar, focar e, de forma limpa, dizer o texto, não representá-lo..."
Trabalho sobre a fala, a acção ligada à Palavra, e no fim muitos trabalhos para casa... Trazer lençois - que desconheço para que servirão - escrever o exercício que fizemos como cena de uma peça - ficará já na nossa peça? - e escrever um monólogo com base nos textos que vamos pesquisando - descobri que o Livro do Desassossego do Pessoa é uma base enorme para a minha personagem - para o decorarmos...
Foi uma aula dura, física, mas muito recompensadora...

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