Coisa Ruim
Foi o último filme português a chegar às salas, num género invulgar para a cinematografia nacional (um filme não direi de terror, mas de medo), apoiado por uma campanha de marketing invulgarmente bem montada para a média lusa. Coisa Ruim, filme da dupla de jovens realizadores Tiago Guedes e Frederico Serra, surpreende. Surpreende pelo género, exceptuando a curta I'll See You In My Dreams, não me lembro um filme português que explore a temática do terror, suspense, e mesmo aí de uma forma muito estilizada, realizado por Miguel Angél Vivas, espanhol. Surpreendepela impecável fotografia, um filme que utiliza muito bem o jogo de sombras, as cores e imagens que estas produzem. É um filme com um elenco competente que suporta toda a fita, de onde destaco Manuela Couto com uma performance impecável. Surpreende pelo profissionalismo, de toda a produção, da campanha montada, da construção do argumento até ao pormenor da página no imdb. Surpreende pela capacidade revelada pelos realizadores de... realizar. Sem dúvida sabem (ao contrário de muitos realizadores nacionais) Guedes e Serra sabem filmar, sabem utilizar a câmara para criar tensão, para narrar a história, sabem enquadrar, utilizar o espaço, o primeiro plano, toda a profundidade da imagem, jogam com o que é obvio e intuido, com o que se vê e o que se esconde. É cada vez mais raro encontrar em Portugal quem o saiba fazer, quem não se limite a enquadrar de uma forma bonita e filmar, estático , com um olhar parado, morto, desinteressante.
Não é um filme brilhante, não fica para a História do Cinema como um marco, não inova nem revoluciona nada, mas é um filme interessante, sólido, que entretém, profissional. E era desta estirpe que devia ser feita a base da cinematografia nacional, para permitir depois os desvios, os nichos, a margem.
Sem duvida a ver...
1 comentário:
fiquei convencida e bastante curiosa!
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