Amor à Pátria
Era de noite, a Avenida da República não tinha muita gente e eu andava calmamente entre tuneis e serpentinas que as obras do metro originam. Ao descer às tripas da cidade, ainda antes de parar no sinal que o obriga, tive que travar por causa de uma pequena casca de noz, um carro eléctrico que circulava na faixa da esquerda. Pisca para a direita e lá vai um desrespeito ao código da estrada. Chegado ao sinal o dito chega ao meu lado e pára um pouco mais à frente. Volto à esquerda para ultrapassar mas o homem recusa-se a sair do seu caminho, caminho esse, percebi pouco depois, traçado pelo Senhor. Pisca para a direita, segunda ofensa ao código, e enquanto o ultrapassava olhei para dentro do carro. Barba por fazer, ar gasto de alguns anos de vida, mais provavelmente os que aparenta do que aqueles que realmente viveu. Pequena bandeira nacional no tejadilho do carro, boné da selecção, bandeiras nas janelas e um cachecol verde e vermelho no tabelier. Para completar o quadro uma pequena Virgem Maria de plástico guardava serenamente toda a cena.
Confesso nunca ter visto tamanha devoção e tamanho patriotismo, com o clássico toque de adoração cristã.
Perdi-o na bruma da noite por onde certamente espalhou um pouco da sua magia e dos tradicionais valores portugueses. Uma pergunta me resta, será que gosta de fado? No meu imaginário infantil espero que sim, para poder dormir descansado com a certeza que o mundo não está perdido...
4 comentários:
aspirador rullez pá. esses gajos são um grande atentado à circulação. e não tem carta..
...mas hey! mesmos os que têm carta são assim! :D
Olá! Voltei de lá... Será que me podias ajudar e explicar como se põe a funcionar no blog os telediscos de músicas?
Antecipadamente grata ;)
hahahah de certeza que o dito sr gosta de fado, para completar o tipico português, devia era estar de janela fechada o que te impediu de ouvir "...quatro paredes caíadas..um cheirinho a alecrim..." lalalala...hahahah
Peixinho, manda-me um mail que não consigo escrever o HTML aqui... o Blogger não deixa, não sei porquê...
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