Luz na Cidade
Está a sair de cena esta peça de Conor McPherson, irlandês de 35 anos e já autor consagrado, encenador, argumentista e inclusivé realizador de cinema. Tinha que a ver, compelido por boas críticas vindas dos mais variados quadrantes inclusivé familiar.
Um homem procura a ajuda de um psicólogo quando tem visões da sua mulher morta a vaguear pela casa. No espaço deste consultório desenvolvem-se cinco quadros onde quatro pessoas deambulam entre mágoas do passado, angústia, incerteza, arrependimento e culpa.
O texto é bem conseguido, apesar de desigual, e de não se assistir de uma forma fluida ao evoluir das situações e dos personagens, saltanto de quadro para quadro sem por vezes se sentir a conexão e a ligação entre os vários momentos.
A cenografia é interessante, mesmo que sem primar por uma originalidade extrema.
Agora a grande falha da peça reside na sua escolha de actores. Enquanto que Rui Mendes é credivel e por vezes bastante emotivo, Nuno Gil e São José Correia são pura e simplesmente desastrosos. O primeiro destroi a sua cena a partir do momento em que abre a boca, perguntam-lhe se quer vinho e ele responde "Sim". Uma simples palavra, mas que arruina qualquer hipótese de se levar a sério este homem como actor. O resto é condizente. Já São José Correia, apesar de expressiva fisicamente, é de um exagero dramático desmesurado, gritando e gesticulando as emoções que se devem sentir. Marco Delgado é neutro. Não que seja especialmente mau, é certinho, diz as falas, mas não convence. Foi então que reparei. Quando vi só me apeteceu rir. Ele NÃO RESPIRA!!! Tudo aquilo que o Thiago nos anda a martelar desde o primeiro dia no workshop, respiração. o homem não respira! Bloqueia o ar, as palavras, as sensações e sentimentos, criando um vazio mesmo em frente aos próprios olhos.
Saí desiludido, muito desiludido. Espero que o Beckett na Comuna seja bastante melhor
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3 comentários:
Oh camarada! Mas o que é que uma coisa tem a ver com a outra? Aprendiz de feiticeiro? Nem isso me julgo. Nunca disse que podia fazer melhor, mas não perco por isso o direito a ter uma opinião. A minha "inexperiência sábia" dá-me mesmo assim a capacidade de distinguir entre o que gosto e o que não gosto, sabendo perceber e justificar porquê. Sem complexos de superioridade, mas muito menos de inferioridade...
Vi tanto mau teatro que me enjoei. E tu sabes onde vi tanto MAU teatro.
sabes, não tenho muito boa impressão desse encenador, parece-me a modos que muito rígido e frio, refletindo-se isso nas peças e especialmente na actuação dos actores.
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