terça-feira, fevereiro 14, 2006

Valentim

Para mim hoje é terça feira, dia antes da quarta e depois da segunda, a duas semanas do Carnaval. É apenas terça feira e sempre foi. Nunca percebi a moda importada do S.Valentim...
Mais um dia...
Hoje é o dia da farsa, onde se exarcebam sentimentos inexistentes, onde se veste o fatinho poeirento, onde se ouve a musica romântica que já nada significa, onde se finge e se disfarça, onde se força o que não pode ser forçado, onde se esfrega na cara de quem caminha só, o caminhar acompanhado, mesmo que a companhia seja na verdade apenas ocupação de espaço. E vão os brindes e as flores, os chocolates e relógios, os postais e lingerie, os corações cor-de-rosa (tanto cor-de-rosa) o kitsch mais kitsch do mundo, a falta de gosto, a piroseira, e as vendas a metro, os beijos pre-programados, as declarações de amor pelo telémovel a 80 cêntimos cada uma, o carinho inexistente no dia anterior e que se desvanece no dia a seguir, a ânsia, ai que é hoje, ai que é hoje!!! Mais um dia... mais uma data para vender... S.Valentim um santo que no ano 496 foi considerado "...um nome justamente reverenciado pelos Homens, mas cujos actos são apenas conhecidos por Deus..." Tradução: uma fraude, uma lenda popular de que a Igreja se apropriou sem saber muito bem porquê e cuja celebração terminou no Concílio Vaticano II em 1969. Curioso que em 1969 ninguem em Portugal celebrava o S. Valentim mas agora a cultura fast-food, centro comercial, sub-urbana que nos invadiu fez questão de implementar.
Hoje vou mostrar à minha namorada o que sinto por ela... porque é terça-feira, tal como ontem mostrei porque era segunda. E quem sabe se para a semana não vamos jantar só os dois, como se o mundo não existisse... tal como jantámos a semana passada...

2 comentários:

deep disse...

Concordo contigo: o amor não tem ou não devia ter dias marcados.

Anónimo disse...

Então um bom jantar!
Pode lá haver melhor jantar que aquele jantado com o nosso Amor, com conversas feitas de palavras e silêncios e palavras ditas no olhar, cruzadas no pensamento e na percepção de quem já nos conhecendo nos vai ainda descobrindo dia-a-dia. Ele há lá melhores jantares que aqueles em que o momento é todo e só nosso, como se o mundo existisse só para nós. E se tiver risos e lágrimas de emoção, mãos dadas e outras cumplicidades, ainda melhor. O São Valentim bem pode ir dar uma volta, para onde o amor se escreva em minúsculas e seja preciso um carnaval para esconder a incapacidade de nos encantarmos com o olhar amado e o Amor, o AMOR.