quarta-feira, fevereiro 01, 2006

WC


Foi uma revolução ou uma catástrofe natural... Toda a gente do meu piso se mudou menos o pessoal aqui dos Canais Lusomundo e, de repente, à minha volta parecia uma zona desmilitarizada, um local de impacto. Sobramos cinco... últimos resistentes do holocausto, nós e as baratas que se escondem quando passamos. Hoje sobram três, três homens perdidos num vazio de secretárias, num deserto de armários sem propósito e caixotes por transportar. A nossa vez deve ser para a semana, vamos ser desterrados para o prédio ao lado, seguindo a manada do resto da empresa.
As infraestruturas, no entanto, continuam as mesmas, nomeadamente os Wc's são os mesmos, um para senhores e outro para as senhoras que, neste preciso momento, são inexistentes. Hoje passei em frente do dito (do das madames) sem saber porquê parei. O piso está vazio, uma casa-de-banho é uma casa-de-banho seja qual for a marca na porta, principalmente quando todas as pessoas que estão aqui são do mesmo sexo. Pensei em entrar como se transpusesse uma barreira invisivel em território desconhecido e proíbido. Senti-me um puto outra vez, um miudo a entrar pela primeira vez no wc das meninas, numa transgressão digna dos anais. Parei e quase entrei, mas continuei e fui para a do costume. Disse para mim mesmo que era uma estupidez entrar, que estava a ser infantil, que se era igual então mais valia ir à minha. Disse e racionalizei, mas na verdade tive pudor de transpor a barreira, de entrar onde o sinal não deixava.
Num piso de três homens eu voltei a ser atabalhoadamente criança.

5 comentários:

Mary Mary disse...

As coisas que te passam pela cabeça... Que andaste a tomar? :P

Pastilhas Júnior disse...

É apenas uma casa de banho, meu amigo. Mas se tens ido talvez fosse possível perceber o porquê de irem aos pares. Não percas a esperança!!! :D Um dia conseguirás! :p

pinky disse...

uiiii tanta vergonha! entra amanhã e vê tu o que tens curiosidade de vêr, não vais ofender ninguém e satisfazes a curiosidade, olha eu em dias de noitadas se a vontade aperta e o wc das raparigas nunca mais vaga, aí não que não vou ao dos rapazes, é certinho! não quero nem saber. vá lá aventura-te.o máximo que pode acontecer-te é apanharem-te, e depois? dizes a verdade e vão te compreender de certeza.

Mary Lamb disse...

Entra. Vá lá!
Vais ver que é tudo igual. E que afinal nós não andamos lá a planear ataques nem homicidios e tal...

MPR disse...

A questão não é o entrar... já entrei em muitas casas-de-banho de mulheres, em bares então já perdi a conta. A questão é o bloqueio emocional que coisas pequenas e sem significado podem trazer... sem motivo aparente...