Walk the line in Munich
Fim de semana de Carnaval e a perseguição continua. Olhei para o cartaz de cinema e tinha doze (!) filmes para ver, como tenho andado lento a apanhá-los, eles multiplicam-se e ameaçam vencer este pequeno jogo de gato e rato. Este fim de semana apanhei mais dois, e dos gordos, nomeados para Oscares e multi-premiados.
Comecei com Walk The Line do James Mangold, com Joaquin Phoenix e Reese Whiterspoon. Ambos são sérios candidatos ao Oscar de Melhor Actor e Actriz respectivamente, e Whitherspoon aparece inclusivé como a mais séria candidata da lista ao contrário do seu parceiro que deverá perder para Philip Seymour Hoffman em Capote. Walk the Line é um biopic que narra a vida do cantor Johny Cash e faz lembrar demasiado Ray do ano passado. A mesma construção narrativa, a mesma reprodução plástica por parte dos actores, até a história, a morte do irmão em ambos os casos, os problemas com drogas, as relações amorosas com pessoas que fazem parte do tour. É tudo demasiado parecido e demasiado longínquo. O filme não é mau, mas sai-se com a sensação de que se não conhece os personagens envolvidos, sabe-se os pontos altos da vida mas não se conhece realmente as pessoas, como se tivessemos apenas lido as parangonas dos jornais que contam esses mesmos pontos altos. No fim de contas quem é aquele homem, para alem daquilo que é já domínio publico? Como personagem de um filme é bi-dimensional. É um risco eu sei tentar ir mais alem com um homem que morreu apenas há dois anos e foi bem conhecido, mas do ponto de vista cinematográfico empobrece o filme.
Munich de Steven Spielberg conta a história da reacção de Israel ao atentado dos Jogos Olímpicos em Munique onde 11 atletas judeus foram mortos por terroristas palestinianos. Logo a após foi ordenada a morte dos responsáveis por esses atentados. Acima de tudo este é um filme, como todos os filmes de Spielberg, sobre pessoas, sobre gente normal colocada em situações extraordinárias, e tocante a vários niveis, interrogando-se, sem nunca tomar partido, sobre os imensos dilemas humanos e morais que tal situação coloca. Spielberg coíbe-se de fazer espectáculo (como é tambem seu cunho) nesta fita, como que se tolhido pessoalmente pela temática tão sensivel. No entanto apresenta-nos um filme poderoso, surpreendente, emocional e complexo, filmado com a mestria de quem já esqueceu mais sobre cinema do que a maioria dos cineastas alguma vez soube. Sem dúvida um dos filmes da temporada.
3 comentários:
Concordo, mas não achas que a fita merecia um actor principal à altura? E que perde pontos por isso? Apesar disso, entre este, Crash e brokeback Mountain (os que vi), parece-me que Munique ganha aos pontos.
Philip Seymour Hoffman merece de facto o óscar de melhor actor pelo seu desempenho fantástico.
ainda não vi walk the line, mas tenho expectativas altas do filme, com essa critica fico com dúvidas, mas não há nada como vê-lo, qt ao munique, adorei, foi uma muito boa surpresa, tinha curiosidade e poucas expectativas, e adorei!
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